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domingo, setembro 23, 2007

 

Marcel Marceau 1923 - 2007


O mímico francês Marcel Marceau morreu hoje aos 84 anos.

Falava sem palavras, chorava e ria sem sons. Era o mestre da pantomima e uma figura incontornável da arte.

Bip, a sua famosa criação, o mimo de cara branca, com uma expressividade trágica influenciada pelo vagabundo eternizado por Chaplin, deixou marca.

Disse um dia que "a mímica, tal como a música, não conhece fronteiras nem nacionalidades" .

O actor, nascido em Estrasburgo em 22 de Março de 1923, tornou-se um dos artistas franceses mais conhecidos no mundo, em especial nos Estados Unidos onde o seu movimento da "marcha contra o vento" marcou uma revolução na cena teatral, que inspirou por exemplo "Moonwalk", de Michael Jackson.

O seu nome de família original era Mangel, mas Marceu alterou o apelido para escapar durante a Segunda Guerra Mundial à perseguição aos judeus pelos nazis, que em 1944 assassinaram o seu pai, deportado para o campo de concentração de Auschwitz.

No cinema trabalhou com o director Roger Vadim em "Barbarella" (1968) e com Mel Brooks em "A Última Loucura" (1976), duas fitas que ainda contribuíram mais para a sua fama internacional.


Os gestos expressam a essência mais secreta da alma humana - "Para mimar o vento, temos de nos transformar em tempestade. Para mimar um peixe, temos de mergulhar no mar" .


Que descanse em Paz, uma vida que fez toda a diferença e gravada ficará para sempre na memória dos Homens.



segunda-feira, setembro 17, 2007

 

José Régio (1901 - 1969)

José Régio nasceu em Vila do Conde a 17 de Setembro de 1901.




Cântico Negro


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
.: João Villaret - Cântico Negro:.





quinta-feira, setembro 06, 2007

 

Luciano Pavarotti (1935-2007)



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Luciano Pavarotti, que um dia sonhara ser um craque de futebol, transformou-se numa das mais belas vozes que nós, simples mortais, jamais esqueceremos.


«Creio que uma vida na música é uma vida maravilhosamente empregue, por isso dediquei-lhe a minha vida».

- Luciano Pavarotti -


Paz à sua alma!


Una Furtiva Lagrima
L'elisir d'amore
Gaetano Donizetti (1797-1848)

Una furtiva lagrima
Negli occhi suoi spuntò...
quelle festose giovani.
Invidiar sembrò...
Che più cercano io vò?
M'ama si, m'ama, lo vedo, lo vedo
Un solo istante i palpiti
Del suo bel cor sentir!...
I miei sospir confondere
Per poco a' suoi sospir!...
I palpiti, i palpiti sentir!
Confondere i miei con suoi sospir.
Cielo, si può morir,
Di più non chiedo, non chiedo.
Cielo, si può, si può morir;
Di più non chiedo,
Si può morire,
Si può morir d'amor.




.: Luciano Pavarotti :: Una furtiva lagrima :.





terça-feira, setembro 04, 2007

 

Prelúdio












Pela estrada desce a noite

Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,
Nem vestidinhos de folhos,
Nem brincadeiras de guisos,
Nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
Em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,
De mansinho, pela estrada.

Que é feito desses meninos
Que gostava de embalar?

Que é feito desses meninos
Que ela ajudou a criar?
Quem ouve agora as histórias
Que costumava contar?

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo,
Como eu sei tudo
Mãe-Negra

Os teus meninos cresceram,
E esqueceram as histórias
Que costumavas contar.

Muitos partiram p'ra longe,
Quem sabe se hão-de voltar



Só tu ficaste esperando,
Mãos cruzadas no regaço,
Bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento,
Desta saudade descendo,
De mansinho pela estrada.

Alda Lara
(Prelúdio-1951)

.: Paulo de Carvalho :: Mãe Negra :.