Sons & Rascunhos - música portuguesa - cantores de intervenção - Adriano Correia de Oliveira - Zeca Afonso - Fausto - Mariza - José mário Branco - Sérgio Godinho - Ary dos Santos - Paulo de carvalho - Fernando Tordo - Manuel Freire - Carlos Paredes - Carlos do Carmo - Pedro Abrunhosa - Manuel Alegre - António Variações - Francisco Fanhais - João Maria Tudela - Delfins - Luís Cília - Pedro Barroso - Vitorino - Xutos & Pontapés - Música Francesa - Música Brasileira - Ritmos Angolanos - Música Clássica - Música italiana - Beatles - Carlos Santana - Bon Jovi - Júlio Iglésias - Simon & Garfunkel - Madonna - Luciano Pavarotti <
»»» O Sons & Rascunhos atingiu as 430 mil visitas... O meu obrigado a todos pelo incentivo e participação. Bem Hajam! «««

terça-feira, outubro 16, 2007

 

Adriano Correia de Oliveira






Clicar aqui para acederem à página do Adriano



Já o tempo se ia habituando a navegar por mares adversos e a buscar na inquietação da noite a saída para o quotidiano das ruas da amargura.

A lamber as esquinas ao sabor das fugas que atormentavam o espírito e o corpo.

A avisar em surdina que erguiam muros em volta dos subterrâneos da liberdade.

A entoar canções com lágrimas como se o choro acalmasse o ódio a uma vida feia, ameaçante sempre a rondar os confins do desespero.

Já o tempo se ia habituando!!!

Com outros vieste do fundo do tempo a bordo das barcas novas.
Chegaste de mansinho erguendo a voz com pressa de viver naquela terra assombrada.

Sentiste ao que vinhas e cantaste o mês onde começava a mágoa dizendo que nunca poderiam ser os rostos a bater à porta do poema.

Ao vento que passava perguntavas o que já sabias; que o vento calava a desgraça e por isso nada dizia.

Pediste uma capa negra, uma rosa negra que virasse as costas à saudade.

Fizeste-nos namorar com a menina dos olhos tristes à espera do soldadinho que nunca mais havia de chegar.

Ensinaste-nos a falar com a lua viajante que nos trazia as más notícias: o soldadinho, afinal, voltava numa caixa de pinho do outro lado do mar.

Disseste-nos que eras livre como as aves, que os corações que nascem livres não se podem acorrentar, que não há ventos que não prestem nem marés que não convenham.

Pediste ao tejo que lavasse bancos e empresas de comedores de dinheiro, palácios e vivendas, casebres e bairros de lata porque a uns fartam e a outros matam.

Foste dizendo, cantando, avisando até que saíste aparelhando um barco abandonado na praia num Outubro em ressaca das marés vivas, vividas.

Desses tempos tão perto continuam a caminhar - exactamente aqui ao lado - os amigos que já partiram, os amores e...

...e os desamores, as vitórias e as derrotas, todas as causas, passadas, presentes e futuras, o mundo que quiseste mudar.

Desses tempos tão perto continuam a caminhar - exactamente aqui ao lado - todos os sonhos, mesmo aqueles que...

Já foram esquecidos, as utopias que parecem loucas, as alegrias e as tristezas que têm assolado este palmilhar de estrada.

Porque nos ensinaste a haver sempre alguém que resiste, sempre alguém que diz NÂO...

Por teres ajudado a descobrir a saída do vale escuro passaste a caminhar, desta vez não ao lado...

...mas para sempre dentro da vida de um povo.

Fazendo-nos ao mar para que não fiquemos cercados continuaremos por isso a acender no teu, o nosso cigarro.

Paulo Esperança (texto)

.: Adriano Correia de Oliveira :: As Mãos :.


Ler mais... sobre o Adriano